Instituto de Artes tem ciclo de seminários sobre curricularização da extensão até junho
O próximo evento acontecerá nesta quarta-feira (26), a partir das 14 horas
Tweet| Texto: Gabriela Villen | Fotos: Rubens Cardia
A inclusão da extensão nos currículos de graduação tem sido um desafio para docentes e coordenadores de curso. Cada faculdade e instituto tem buscado estratégias para se adequar às exigências do Ministério da Educação (MEC), ao mesmo tempo que valoriza e institucionaliza as ações de extensão já existentes. A fim de proporcionar um espaço para troca de experiências à comunidade acadêmica, a equipe de Planejamento Estratégico (Planes) do Instituto de Artes (IA), em parceria com sua Coordenadoria de Graduação, promoverá até junho o Ciclo de Seminários “Práticas da Curricularização da Extensão nas Artes, na Comunicação e nos seus diálogos Inter e Transdisciplinares”. Com convidados docentes e discentes, nacionais e internacionais, externos e internos ao IA e à Unicamp, a série de eventos visa fomentar a reflexão, a discussão e o aprimoramento da curricularização da extensão. O próximo seminário do ciclo acontecerá nesta quarta-feira (26), a partir das 14 horas, no auditório do IA. Confira a programação.
A abertura do Ciclo aconteceu no dia 12 de abril e contou com a presença do pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Coelho; da assessora da Pró-reitoria de Graduação (PRG), Laura Rifo; do diretor do IA, Paulo Ronqui; da coordenadora de graduação do curso de Música, Adriana Mendes; e do coordenador de Extensão do IA, Adonhiran Reis. O primeiro seminário teve como foco a experiência do curso de Música, com os convidados: Liu Man Ying, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora de vários projetos de extensão, como o “Ensino Coletivo de Violino e Viola”, a “Camerata de Cordas da UFC” e o “Projeto Sinfonia UFC”; e Fernando Hashimoto, professor da casa, pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp entre 2017 a 2021 e coordenador do projeto de extensão “Primeira Nota”.
Fernando Coelho ressaltou a importância do debate para consolidar o entendimento do que é extensão na Universidade. O pró-reitor chamou atenção ainda para o papel da curricularização no fortalecimento da extensão que já é realizada na universidade. “É um processo de institucionalização das ações de extensão. Existe muita extensão sendo realizada há muito tempo. Queremos trazer à luz o trabalho de todo mundo”, afirmou.
“Esse evento é parte de um todo muito maior, um processo para que a gente pudesse alcançar o objetivo estratégico de consolidar as ações de extensão junto aos cursos de graduação do IA”, explicou Rachel Zuanon Dias, que liderou o desenvolvimento do objetivo estratégico número 5 do Planes (2020-2023) do Instituto, junto com Thiago Carneiro. “Uma série de indicadores foram levantados, para definição de ações visando alcançar as metas traçadas dentro do plano estratégico da unidade”, detalhou.
De acordo com a professora, embora a programação dos Seminários seja conduzida por um curso de graduação em cada evento, o ciclo está orientado para o estabelecimento de diálogos inter e transdisciplinares. “Nós trazemos essa perspectiva dos diálogos para ampliar as potencialidades de se pensar a curricularização da extensão em cada um dos cursos. Ou seja, não é ensimesmar a discussão, mas trazer discussões pertinentes à área de cada curso, e também expandir para os outros olhares e as outras possibilidades que cada curso aponta”, ressaltou. Além dos Seminários, a programação incluirá três reuniões técnicas fechadas, que serão realizadas junto aos coordenadores dos cursos, envolvidos no evento e docentes convidados.
O objetivo do Ciclo, segundo Rachel Zuanon Dias, é elaborar um instrumento que aponte algumas das melhores práticas para a curricularização da extensão nas áreas de artes e comunicação. “Foi tudo muito bem costurado para que a gente chegue nesse instrumento. O documento resultante do evento vai apontar caminhos importantes para docentes, discentes e toda comunidade”, afirmou.
Entre os principais desafios do processo, a professora apontou a revisão dos currículos, para identificar disciplinas que já desenvolviam atividades de extensão ou que teriam potencial para isso. ”Várias das nossas disciplinas já tem esse potencial de extensão, pois é da natureza do nosso Instituto ser extensionista. Mas não estava sendo contabilizado como hors-aula no currículo dos alunos”, explicou.
Na música
“A gente fez a reforma dos currículos em 2022, para ser implementada a partir de 2023. Todos os estudantes, que ingressaram esse ano, já tem os 10% da sua graduação assegurada para extensão”, afirmou a coordenadora de graduação do curso de Música da Unicamp. Para ela, no entanto, ainda serão necessárias discussões para adequar os projetos à realidade do curso. “Ainda não está finalizado, estamos em fase de implementação e aperfeiçoamento”, explicou Adriana Mendes. A solução encontrada foi a distribuição da carga horária de extensão em disciplinas obrigatórias, que já tinham um caráter extensionista. “Vejo essas possibilidades de extensão como um celeiro para esses alunos em formação. São também oportunidades para se apropriarem desses espaços onde a comunidade está. São possibilidades diversas que estão atreladas a essas disciplinas. O que estamos fazendo é congregar os três aspectos da universidade: ensino, pesquisa e extensão”, concluiu.
A criação de uma “Unidade Especial de Extensão”, responsável pela inserção da extensão no Projeto Pedagógico, totalizando até 15% da carga horária total de cada curso, foi uma das soluções encontradas pela UFC, segundo Liu Man Ying. Ela citou ainda a possibilidade de destinação de carga horária para eventos, cursos e serviços, com carater de extensão. A professora relatou ainda sua experiência com o projeto de extensão “Ensino Coletivo de Cordas" e seu impacto na comunidade. “O Projeto tem mudado o panorama da cidade e aberto as portas da Universidade”, ressaltou.
Para Fernando Hashimoto, a extensão no caso da música atua também abrindo campos de trabalho para os futuros profissionais. “Não basta somente dar aula, se não tem mercado. É preciso criar empatia. Por isso também esses projetos são importantes”, comentou. Ele ressaltou ainda a importância dos estudantes serem os protagonistas da curricularização da extensão. “Eles precisam estar no centro desse processo”, afirmou.