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ITCP/UNICAMP Comemora 20 anos de apoio a economia solidária, cooperativismo e autogestão.

Em duas décadas a incubadora promoveu 34 projetos e um dos que mais se destaca é o das cooperativas de coleta e triagem de materiais recicláveis.



|Autor: Fernando Barbosa

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comemora 20 anos de uma de suas mais promissoras iniciativas de extensão, a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP). As atividades da ITCP têm permitido a promoção da economia solidária, cooperativismo popular e autogestão, voltados para apoio as pessoas trabalhadoras e também para a Universidade, como explica a coordenadora desse projeto, professora Lais Silveira Fraga. “Esse esforço contribui para uma troca constante entre universidade e sociedade e para a transformação da realidade”, destaca ela.


Cooperativas de coleta e triagem de materiais recicláveis apoiados pelo ITCP

 

A ITCP foi criada oficialmente em 2001 e nesses 20 anos foram acolhidos mais de duzentos estudantes como bolsistas e uma dezena de docentes nas atividades de oficinas, palestras, cursos de extensão gratuitos, desenvolvimento de materiais pedagógicos, aprimoramento de tecnologias sociais, debates para construção de políticas públicas inclusivas, além da atuação direta com os grupos populares na gestão, comunicação, vendas, autogestão, saúde no trabalho, questões raciais e de gênero, segundo explicou a coordenadora.


Atual coordenadora do ITPC, professora Lais Silveira Fraga.


Os trabalhos feitos pela ITCP são registrados em livros, trabalhos de conclusão de curso, iniciações científicas, dissertações e teses diretamente relacionados com essa prática extensionista. “A quantidade de trabalhos acadêmicos aponta para a conexão entre ensino, pesquisa e extensão que a ITCP/Unicamp tem buscado realizar ao longo de sua existência”, destaca Lais.
Em meio as comemorações pelas duas décadas da incubadora, a coordenadora da ITCP enaltece a importância do apoio estrutural e financeiro da Proec. “O apoio da ProEC é especialmente importante no atual contexto do país, no qual os recursos para extensão são escassos. É o principal programa de fomento à extensão”, ressalta ela.


Atividade apoiada pelo ITCP incentiva empreendedorismo solidário


A ex-bolsista e estudante de engenharia elétrica na Unicamp. Larissa Medeiros de Andrade reafirma esse valor citado pela coordenadora do ITPC e aponta para a grandeza das iniciativas desenvolvidas pela incubadora. “Estamos passando por um período que muito tem se questionado o valor da ciência, da pesquisa e das universidades. Projetos como a ITCP mostram esse potencial para promover a transformação social quando se alia ensino, pesquisa e extensão” declara Larissa.


Larissa Medeiros Andrade no mutirão realizado no projeto agrícola Elizabeth Teixeira para produção de alimentos agroecológicos.

 

A aluna de Ciências Contábeis, mestra em Ciências Política e assessora contábil do ITCP, Sidélia Luiza de Paula Silva, considera que essa iniciativa une conjuntura atual, valores democráticos, Educação Popular, processos de gestão e economia solidária, em um único local de ação. “Do ponto de vista da construção democrática é um projeto de inclusão”, destaca ela.



Sidelia Silva (à direita), com dona Edileusa em 2013 - Momento de Intercâmbio da ITCP com Banco Palmas. Feira do Banco Palmas no Conjunto Palmeiras em Fortaleza/CE promovida no evento III Encontro da Rede de Bancos Comunitários de Desenvolvimento.


O pró-reitor de Extensão e Cultura (Proec), professor Fernando Antônio dos Santos Coelho, comemora a importância da incubadora por considera-la como uma provedora de soluções empreendedoras para diversos setores da sociedade. “Esse programa interage com diferentes parceiros sociais na região de Campinas por meio de um processo dialógico que reconhece a importância de outros saberes na formação cidadã dos nossos alunos de graduação e dos nossos docentes”, reconhece o pró-reitor.


Pré-reitor, professor Fernando Antônio dos Santos Coelho

 


A coordenadora da Diretoria de Projetos de Extensão (DProj), Gislaine Elias Alipio Silveira

 

A coordenadora da Diretoria de Projetos de Extensão (DProj), Gislaine Elias Alipio Silveira, destaca a autogestão como um dos maiores pilares de sustentação da ITCP. Ela considera que com esse modelo cria relação de cooperação e construção coletiva do conhecimento com os grupos populares. Gislaine aponta que essas atividades coíbem a possibilidade de transformação do conhecimento acadêmico em um instrumento de poder, opressão e hierarquização frente às cooperativas, grupos populares e movimentos sociais.


O ex-presidente do Conselho Orientador da ITCP, professor Miguel Juan Bacic, e um dos mentores dessa iniciativa, congratula por essa data comemorativa dividindo os créditos dessa conquista com seus companheiros dessa jornada. Ele lembra que a primeira responsabilidade da ITCP foi atender demandas da Prefeitura Municipal de Campinas e de um grupo organizado de trabalhadores e trabalhadoras da limpeza hospitalar.
“Minha experiência na ITCP foi extremamente enriquecedora, tanto do ponto de vista pessoal como para minha atividade acadêmica. Tenho orgulho de ter participado desse projeto”, exalta ele. Para Bacic a experiência da ITCP é um elemento concreto que deve ser considerado ao discutir a curricularização da extensão.



Professor Miguel Juan Bacic – idealizador e ex presidente do conselho da ITCP


Entre diversas atividades a ITCP/Unicamp favoreceu diretamente cerca de 850 pessoas, organizadas em 32 grupos populares (cooperativas, associações e grupos informais), segundo levantamentos da coordenação dessa incubadora.
Esses dados da ITCP apontam ainda que dentre as muitas atividades apoiadas estão as de coleta e triagem de materiais recicláveis e a produção de alimentos na agricultura familiar. E também foram incubados grupos de artesanato, construção civil, profissionais do sexo, pessoas vivendo com HIV, costura, finanças solidárias e turismo solidário.



Atividades de apoio pedagógico feitas com apoio do ITCP

“Participaram na ITCP muitos alunos de graduação e pós-graduação, dissertações e teses originaram-se das reflexões e atividades dos alunos-monitores. A qualidade de seu trabalho pode ser constatada pelo fato que vários deles são, atualmente, professores universitários e especialistas em políticas públicas” registra Bacic, um dos idealizadores do ITCP.