Lideranças populares femininas debatem direitos humanos a partir da questão da violência
O evento acontece sexta-feira (25), a partir das 9 horas, no Centro de Convenções, como parte da celebração dos 20 anos dos Fóruns Permanentes
TweetTexto: Gabriela Villen | Fotos e edição de imagem: José Irani e divulgação
Debater os direitos humanos a partir da questão da violência é o desafio do próximo Fórum Especial, que celebra os 20 anos dos Fóruns Permanentes da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Unicamp. A programação especial procura abordar alguns dos temas de relevância central para a Proec, refletindo sobre o papel da universidade na sociedade. Nessa edição, que acontece sexta-feira (25), a partir das 9 horas, no Centro de Convenções (CDC), o Fórum reunirá lideranças femininas que defendem os direitos humanos em sua prática cotidiana a partir de realidades violentas. A proposta, encabeçada pela Secretária de Vivência do Campus (SVC) e, em particular, o Conselho de Vivência Universitária (CVU), com especial apoio da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DEDH), envolve ainda o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e o Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP). A abertura do evento contará com a apresentação artística do Grupo de Dança Indígena Amoras, criado por estudantes ligadas ao coletivo das Acadêmicas Indígenas Uirapuru da Unicamp. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no link.
“Pensamos em um Fórum diferente, todo na ‘primeira pessoa’, onde lideranças populares e políticas pudessem trazer suas biografias associadas a essas violências e, ao mesmo tempo, a resposta que vêm dando a elas”, afirmou Susana Durão, coordenadora da SVC e professora do IFCH, que lidera a organização do evento. Segundo ela, cada uma das cinco palestrantes tem uma trajetória de ativismo derivada de experiências de vida que as levaram a enfrentar a necessidade de lidar com os mais graves conflitos e tensões sociais.
Monica Cunha, que compõe a primeira mesa “Políticas Públicas a favor do(s) Direito(s)”, perdeu um filho em 2006, assassinado pela polícia. “Ela fez dessa experiência pessoal uma causa de vida: resgatar os direitos das mães e das crianças mortas, sobretudo pelas polícias, mas também pelas facções”, comentou Susana Durão. Josiane Otaviano Guilherme, mais conhecida como Josi Ticuna, que estará na mesa na parte da tarde “Ações e Projetos pelo Fim das Violências”, trará sua experiência dos conflitos na região da fronteira, em Benjamin Constant-AM. Graduada em Antropologia pelo Instituto de Natureza e Cultura da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestranda no Programa de Pós-graduação em Diversidade Sociocultural na Amazônia pelo Museu Emílio Goeldi, em Belém-PA, Josi Ticuna coordena o Projeto Agrovida-Naãne Arü Mã'ü-Terra e Vida, que defende a importância do papel das mulheres no fortalecimento e revitalização da agrobiodiversidade e a identidade cultural no Alto Solimões-AM.
De acordo com a organizadora, o Fórum pretende dar visibilidade às lutas políticas que estão impressas na vida cotidiana destas mulheres. “Elas estão lá a fazer um trabalho que transforma a sociedade todos os dias. Muitas delas a partir da sua experiência biográfica”, afirmou.
Para o pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho, a Universidade tem que obrigatoriamente se envolver com essas questões, abrindo espaço aos relatos e às denúncias, amplificando essas vozes e, a partir dessa escuta, sensibilizando a sociedade e buscando soluções que subsidiam políticas públicas. "Tenho certeza que será um Fórum de muito impacto, não só internamente, como externamente", afirmou. Coelho ressaltou ainda a relevância dos Fóruns na busca de soluções conjuntas e dialogadas para os desafios enfrentados pela sociedade. "É um espaço de conversa, de diálogo, em que os problemas da sociedade estão sendo trazidos para a universidade, discutidos na universidade junto com a comunidade e, a partir daí, dando origem a trabalhos de pesquisa, dando origem a discussão de políticas públicas. É a universidade exercendo o papel que ela deve exercer frente a comunidade e sendo um pólo que agrega ideias e que também permite distribuir soluções", destacou o pró-reitor.
As mesas de debate contarão ainda com a presença de Marta Rodrigues Sousa de Brito Costa, vereadora pelo terceiro mandato em Salvador, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa da Democracia Makota Valdina e especialista em Políticas Públicas pela Unicamp; Alzira Nogueira, deputada estadual eleita pelo Estado do Amapá, mestra em sociologia, servidora do Ministério Público e ativista da luta pelos direitos das mulheres negras; e Valdelice Veron, doutoranda em antropologia social pela Universidade de Brasília (UnB), foi recentemente premiada em Washington, nos Estados Unidos, com o Prêmio Liderança Global da Vital Voices Global Partnership, teve o pai, o cacique Marcos Veron, assassinado em 2003, quando tentava defender terras.
Segunda a organizadora, o Fórum pretende trazer essas perspectivas vividas em regiões tão diferentes do Brasil perpassadas pelo eixo comum da violência. "O Brasil tem realidades muito diferentes, mas tem alguns padrões de violências. Elas vão trazer isso para nós aqui", pontuou Durão.
Para mais informações acesse: Fórum Especial - 20 Anos: Direitos Humanos na Prática: Mulheres Construindo Justiça Social.
PROGRAMAÇÃO
25/08/2023 (sexta-feira)
9h - Apresentação Musical
9h30 - Abertura
9h45 – Mesa 1 – Políticas Públicas a favor do(s) Direito(s)
Marta Rodrigues |Salvador
Monica Cunha |Rio de Janeiro
12h - Debate
Moderadora: Susana Durão |UNICAMP
12h45 às 14h - Almoço
14h – Mesa 2 – Ações e Projetos pelo Fim das Violências
Valdelice Veron |Guarani-Kaiowá/Mato Grosso do Sul
Alzira Nogueira |Macapá
Josiane Otaviano Guilherme |Ticuna/Benjamin Constant
16h - Debate
Moderadora: Chantal Medaets |UNICAMP
17h - Encerramento.